Sempre amei espaços abertos, como as clareiras na floresta, onde a luz do sol entra com força e a mente pode respirar.
O sol já despontava tímido quando pisei a terra ainda úmida, sentindo sob minhas botas encharcadas de barro a sensação viva do chão.
Na mão uma ferramenta como quem aprendeu a conversar com a natureza, ela se dobrava sobre a terra para tratar a colheita.
E, entre uma tarefa e outra, ela se perdia em pensamentos — lembranças de tempos antigo que parecia nunca ter passado de verdade... agora morava apenas em suas saudades.
Às vezes, sentia o vento tocar seu rosto como um afago esquecido, como se fossem mãos conhecidas tentando alcançá-la através do tempo.
Era nesses momentos que a solidão parecia mais densa, mais real.
Mas ela não chorava. Apenas amava em silêncio.
Nesse trabalho no campo, eu amava as ervas que guardavam segredos antigos.
Cada planta parecia me reconhecer, como velhos amigos silenciosos. Enquanto minhas mãos trabalhavam, minha mente vagava. Lembrei dos olhos que um dia me olharam com tanta ternura. Lembrei das palavras que ficaram presas no vento, das despedidas que nunca soube dizer.
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