Claro
que eu tinha outra expectativa de realidade das aldeias indígenas da comunidade
Xikrin. 💘
Sabe o conhecimento abstrato e intuitivo que imperava em mim sobre as
aldeias de nosso município, veio por terra no exato momento da chegada, logo na
primeira aldeia.
Acho que as aldeias visitadas por mim até então e os estudos da "5ª série" da minha época internalizou tão profundamente em mim que eu esperava ver pequenas ocas de palhas, (risos).
Acho que as aldeias visitadas por mim até então e os estudos da "5ª série" da minha época internalizou tão profundamente em mim que eu esperava ver pequenas ocas de palhas, (risos).
Quando chegamos, logo vi que, por falta de vivência, para não dizer de conhecimento
mesmo, minhas expectativas não seriam nem de perto atendidas. Eu só posso
afirmar com propriedade que não sabemos nada sobre uma aldeia indígena. Não
sabemos mesmo! Não sabemos ao certo o que é preservar seus costumes, quão boa é
a aproximação com os brancos, como eles vivem e se socializam entre si. Achamos
que sabemos sobre eles, mas na realidade não sabemos nada. Somos meros cidadãos
pretensiosos que acham que sabem de tudo.
A
primeira aldeia em que chegamos foi a Pokrô. É uma nova aldeia. Lá vivem cerca de 20 famílias, que somam em
média 80 índios. A maioria são crianças e jovens, motivo pelos quais
solicitaram ao poder público municipal uma escola e posto de saúde. Essa
aldeia em questão, ainda não tem serviços básicos, como por exemplo, sistema de
abastecimento de água. Motivo este, pelo qual estávamos lá.
O engenheiro do Saaep olhou o poço onde a comunidade está pegando água para o abastecimento doméstico |
A
ida a aldeia foi uma visita técnica promovida pela gestão municipal através do
Departamento das Relações Indígenas em parceria com o Sistema de abastecimento
de Água e Esgoto e Secretaria Municipal de Produção Rural. O
engenheiro do Saaep, que nos acompanhava na visita fez a parte técnica. Olhou o local onde será feito o poço artesiano para o
abastecimento de água na Aldeia e tudo mais quanto fosse necessário para garantir aquela comunidade o abastecimento potável.
Por enquanto os índios dessa aldeia estão
vivendo em barracos improvisados e estão começando uma nova comunidade, porém com
muitas dificuldades.
O Agrônomo da Sempror dando explicações sobre os possíveis projetos a serem desenvolvidos na comunidade |
Para mim eu vivi
alguns momentos de imersão. Após a visita na
Pokrô percorremos mais 26 quilômetros até a aldeia Djujekô, onde almoçamos. Eu
mesma preparei nosso alimento. Eu já tive a honra de ter um banquete com peixes e frutas preparado por uma
comunidade indígena, da tribo Guarani, na praia de Camboinhas na Cidade de Niterói-RJ em 2008. Porém, nos Xikrin não me senti a vontade devido o adiantado da hora, já passava das duas da tarde e eles já haviam almoçado. Apesar de termos sido bem recepcionados na
casa do Cacique, fui
eu mesma preparar o nosso alimento. Confesso que não foi nada fácil cozinhar
num fogão a lenha com muita fumaça e sem a comodidade que estou acostumada.
Na
Djujekô já deu para perceber os costumes circulares onde as casas foram
construídas e a casa do guerreiro ao centro. As
casas são simples e com pouca mordomia para nossos padrões.
Nessa
aldeia percebi que as mulheres fazem
pintura corporal com jenipapo e urucum, artesanato com miçangas e sementes, e
pequenos cestos de cipó ou palha de buriti. 👌
Inclusive até adquirir um cesto pra mim que está nesse momento decorando a parede atrás do meu home office. 💝
Uma
coisa me chamou bastante a atenção nessa aldeia, a quantidade de resíduos produzido
e essa correlação com a cultura do branco. Ao questionar sobre a quantidade de
garrafas peti espalhadas pelos quintais, fui informada que os índios adoram refrigerante. É bastante comum vê-los tomar a bebida quando estão reunidos.
Inclusive até adquirir um cesto pra mim que está nesse momento decorando a parede atrás do meu home office. 💝
Agora meu trevo já tem um lugar especial pra ficar! |
Uma das iguarias preferidas dos Xikrin, carne de jabuti. |
Após o almoço 🐢 seguimos viagem para o nosso próximo destino, a Aldeia Ôodjã. Logo ao chegar percebi uma diferença em relação à Aldeia Djujekô. A Ôodjã estava mais organizada, sem a presença de resíduos sólidos e as casas já não tinham tantos objetos e entulhos. Ver semelhanças dentro de uma mesma sociedade é incrível e confuso ao mesmo tempo. Mais incrível ainda é ver essa diferença com a nossa realidade.
Ainda na aldeia Ôodjã, o coordenador
das Relações Indígenas da Prefeitura Municipal de Parauapebas, relatou que alguns costumes
são imprescindíveis para a boa convivência e relação com o branco e os Xikrin,
como um simples aperto de mão. Girlan visitou a casa dos professores e conversou
com os líderes indígenas estreitando ainda mais a relação da gestão municipal
com a comunidade Xikrin.
Após essa visita as aldeias, eu percebi
de forma muito intensa, o quanto estamos desconectados de nossos semelhantes e como
a opinião dos mais velhos é valiosa para todas as etnias indígenas. Percebi o
quanto não respeitamos os saberes dos nossos ancestrais e de nossa árvore genealógica. Uma velha índia sabe qual erva
usar pra sanar diversas doenças, tocando a barriga de uma mulher grávida sabe
qual posição o bebê está. São verdadeiras parteiras.
Mergulhar nesse mundo exótico e desconhecido é um presente pra mim. Quando mergulhamos em algo novo, percebemos que aquilo quebra algumas limitações, tabus, etc. Nos tempos da faculdade estudei bastante sobre a cultura indígena. Com um período de tempo afastado de quase tudo, e após essa retomada de vivências quase que repentina, devo confessar que, internamente foi difícil estabelecer uma visão consistente sobre os Xikrin.
No mais percebi uma grande influência da nossa cultura internalizada na aldeia, a exemplo da evangelização, mais precisamente na Cateté, onde concentra a maior população indígena. Percebi que construíram um templo onde se reúnem e cultuam a religiosidade agora no cristianismo.
Mergulhar nesse mundo exótico e desconhecido é um presente pra mim. Quando mergulhamos em algo novo, percebemos que aquilo quebra algumas limitações, tabus, etc. Nos tempos da faculdade estudei bastante sobre a cultura indígena. Com um período de tempo afastado de quase tudo, e após essa retomada de vivências quase que repentina, devo confessar que, internamente foi difícil estabelecer uma visão consistente sobre os Xikrin.
No mais percebi uma grande influência da nossa cultura internalizada na aldeia, a exemplo da evangelização, mais precisamente na Cateté, onde concentra a maior população indígena. Percebi que construíram um templo onde se reúnem e cultuam a religiosidade agora no cristianismo.
No mais o que me resta é a esperança de aprender a amar o meu semelhante e ver dias melhores nas aldeias. 💗
Parabéns Maria
ResponderExcluirBelo texto! Tive a felicidade de ter ido TB nas aldeias dos Xikrins e fazer alguns amigos. Sua cultura e costumes deveriam ser mais valorizados e respeitos pelos brancos, que tem muito a aprender como nossos parentes. Fica com Deus amiga. Grd abraço
Grata querido.
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